quarta-feira, 18 de março de 2009

Memórias: de passivos a ativos

Lembro-me quando comecei a usar a Internet, nos primeiros anos da década de 90, época em que também comecei minha carreira jornalística. Para mim, Internet se tornou logo uma boa ferramenta de pesquisa para o trabalho e, claro, de troca de mensagens via e-mail. Na época, muita gente já usava também os chats, mas eu sempre achei que eram muito confusos, com muita gente escrevendo junto, sobre coisas diferentes, num mesmo espaço. Nessa mesma época, os internautas mais antenados, até chamados de micreiros, também começaram a usar um programa de comunicação instantânea chamado ICQ, mas confesso que nem cheguei a testá-lo, aquilo ainda não me fascinava.
Com o tempo, cada vez mais comecei também a me informar pelos sites de jornais e revistas. Viva a velocidade da informação! Viva a possibilidade de correção instantânea de informações incorretas. Seria o fim do erramos? A Internet, alíás, chegou como o cinema, que parecia anunciar a morte do teatro e na verdade só fez valorizar o mesmo. Chegou fazendo com que muitos previssem a morte do jornalismo impresso, mas fez com que o mesmo precisasse ser mais ágil e mais profundo.
Lembro-me da avalanche de jornalistas que deixaram os jornais e revistas na segunda metade da década de 90, com o lançamento de grandes portais como Uol, Terra, Ig, Cidade Internet e outros. Os salários eram fascinantes! As equipes de redação dos portais, enormes. O trabalho, comentavam, era enlouquecedor, diante da necessidade de atualização constante. Alguns jornalistas começaram a fazer entrevistas por e-mail, o que gerava polêmica em torno da confiabilidade das informações passadas por essa via.
Naquela época, os usuários da Internet eram consumidores passivos da informação, ou seja, consumiam, mas não produziam informação. No máximo, mandavam e-mails para os jornais comentando as notícias ou sugerindo reportagens e tudo isso passava pelo crivo de um mediador, alguém que iria avaliar se tais comentários ou sugestões deveriam ser publicados ou não no site.
O próximo passo foi a criação de sites pessoais ainda na década de 90, os usuários tinham de aprender a complicada linguagem html para fazer seus sites pessoais, mas mesmo nesses, qualquer interatividade se daria só por meio de troca de e-mails. Nessa época começaram a se popularizar os scaners pessoais o que permitia que as pessoas adicionassem fotos nas suas páginas. Essa etapa de minhas memórias sobre Internet é o que hoje se chama de web 1.0 ou velha web.
Na virada do século e do milênio, depois que percebemos que o mundo realmente não tinha acabado, surgem inovações tecnológicas que vão culminar no que hoje chamamos de web 2.0 ou nova web. Popularizam-se as câmeras fotográficas e filmadoras digitais, a banda larga ganha cada vez mais espaço entre os usuários, surge a Internet móvel, sem fio, os celulares enviam dados para a Internet e a web se torna plataforma abrigando programas de gestão de informações como Wikipédia, Youtube, Myspace, Flickr e Overmundo, programados para permitir que os usuários insiram e troquem informações, fotos, vídeos, músicas e tudo o que quiserem com outros internautas, inserindo seu próprio conteúdo nesses sites coletivos. Ou seja a web 2.0 é colaborativa, é socializadora, é coletiva, não tem limites. Na web 2.0 o bom conteúdo é a chave do sucesso e ele acontece com troca e colaboração permanente. Claro que o mau conteúdo está lá também e por isso o consumidor também tem “filtrar” o que vai consumir. A responsabilidade pelo que consome é toda dele.
Hoje, estou trilhando meus primeiros passos pela chamada Web 2.0, fazendo um rascunho de blog, começando a usar o RSS, o Google Reader... Mas já sonhando com o que será a Web 3.0. Viva a evolução e a coragem de evoluir com o tempo.

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